Por Maria Thereza R.F.Piccino – Fonoaudióloga Mestre em Ciências

Vivemos em busca de qualidade de vida. Entretanto, as pessoas estão expostas a ruídos intensos todos os dias, no trânsito, no trabalho, na escola e nas atividades de lazer, afetando o bem-estar físico e mental, mesmo durante o sono. Como consequência trazendo prejuízos a qualidade de vida do indivíduo.

A PAIR, também conhecido como “Perda Auditiva Ocupacional”, é uma doença profissional, decorrente da exposição contínua a níveis elevados de pressão sonora.

A PAIR caracteriza-se por ser neurosensorial; quase sempre bilateral; a perda tem seu início nas frequências 3.000 a 6.000Hz, progredindo lentamente às frequências graves.

O nível de pressão sonora e o tempo de exposição são fatores determinantes para prejudicar a audição. A Portaria 19 do Ministério do Trabalho entende por perda auditiva induzida por níveis de pressão sonora elevados (PAINPSE), as alterações dos limiares auditivos do tipo sensório-neural, em consequência da exposição ocupacional contínua a níveis de pressão sonora elevados, ou seja, maior ou igual a 85dB por um período mínimo de 8hs/dia (BRASIL, 1998a).

Dentre os sintomas auditivos, podemos encontrar o trauma acústico, que ocorre quando uma concentração sonora é aplicada em um único momento; e a perda auditiva por ruído (PAIR) quando a ação de uma energia é aplicada de forma repetitiva, durante um longo período de tempo.

Os zumbidos frequentes e não agradáveis que acompanham as perdas auditivas ocupacionais, também seria outro sintoma auditivo, com a dificuldade para entender a fala e localização sonora, sensação de plenitude auricular e audição abafada.

Como sintomas não-auditivos podemos encontrar: alteração do sono; transtornos neurológicos, vestibulares, digestivos e comportamentais, transtornos cardiovasculares e hipertensão.

Os dentistas trabalham em ambiente com níveis de pressão sonora elevados.De acordo com a NR-15 (BRASIL, 1998b), quanto maior a intensidade sonora a que o trabalhador está exposto, menor deve ser o tempo máximo em que ele poderá permanecer no ambiente de trabalho.

Sendo a intensidade de 85dB capaz de provocar alteração auditiva, para cada aumento de 5dB há redução, pela metade, do tempo máximo de exposição por dia. Considerando a intensidade de 90dB a intensidade média de ruído no consultório odontológico, o dentista só poderia passar quatro horas no ambiente de trabalho sem proteção auditiva.

Nos consultórios odontológicos, seria necessário identificar as fontes de ruído: as turbinas de alta rotação, os micromotores de baixa rotação, os sugadores, os compressores de ar, os amalgamadores e os fotopolimerizadores.

Como ruído ambiental, é possível observar os condicionadores de ar, os rádios ou TV ligados, ruído ambiental externo, entre outros.

A prevenção é a principal medida a ser tomada, já que a PAIR é uma lesão de caráter irreversível, não existindo tratamento clínico ou cirurgia para recuperação dos limiares auditivas.

Algumas Medidas preventivas podem diminuir o Nível de pressão sonora no ambiente de trabalho:

  • Adquira equipamentos menos ruidosos.
  • Fique atento à manutenção adequada dos equipamentos.
  • Evite o uso simultâneo de dois ou mais equipamentos ruidosos.
  • Isole, sempre que possível, equipamentos ruidosos, como compressores.
  • Proteja paredes, teto e piso contra a reverberação sonora
  • Utilize EPIs (Equipamentos de Proteção Individual), como “earplugs” para atenuar o som.

É muito importante que o dentista realize o exame audiométrico a cada seis meses, a fim de monitorar a audição e prevenir possíveis alterações.

Ruído em Consultórios Odontológicos – Conheça as consequências e como evitar!

Adaptado por Camila Medina

Referências:

CIRURGIÃO DENTISTA: ATENÇÃO A PERDA AUDITIVA. Localodonto.com.br>sua saúde>saúde auditiva, 2016

PICCINO, M.T.R.F, MODELO EDUCAIONAL INTERATIVO PARA ADOLESCENTES USUÁRIOS DE FONES DE OUVIDO. Dissertação apresentada a Faculdade de Odontologia de Bauru da Universidade de São Paulo para obtenção do título de Mestre em Ciências no Programa de Fonoaudiologia. Bauru,2015

CAVALCANTI, T.L de O; ANDRADE, W.T.L de, Efeitos Auditivos e Extra-Auditivos Decorrentes do Ruído na Saúde do Dentista. R brasci Saúde 16(2):161-166, 2012.

PARAGUAY, A.T.T., PERDA AUDITIVA INDUZIDA POR RUÍDO EM CONSULTÓRIO ODONTOLÓGICO; Monografia apresentada à Coordenação do Curso de Especialização em Audiologia Clínica. Recife, Set,1999.

KEENAN,V.R,RUÍDO EM CONSULTÓRIO ODONTOLÓGICO : Dos riscos à prevenção; Monografia de conclusão do Curso de Especialização em Audiologia Clínica. Porto Alegre, 1999.